No debate quinzenal com o Primeiro-Ministro sobre “políticas sociais”, Fernando Negrão começou por saudar António Costa por “finalmente” levar a debate o Serviço Nacional de Saúde.
No entender do líder parlamentar do PSD, o facto de o Primeiro-Ministro abordar este tema é a “confirmação de tudo o que temos denunciado ao longo dos vários debates quinzenais”. Dirigindo-se a António Costa, o social-democrata questionou se para o governante “aguardar 1000 dias por uma consulta é fortalecer o SNS? Arrastar as obras da ala pediátrica do hospital São João no Porto é fortalecer o SNS? Fechar a urgência pediátrica do hospital Garcia de Orta por falta de médicos especializados é fortalecer o SNS? Qual a razão de só no fim da legislatura ter apresentado a Proposta de Lei de Bases do SNS?” Para Fernando Negrão, todos estes comportamentos do executivo são bem reveladores da forma como António Costa e o PS amam o SNS. De seguida, o líder da “bancada laranja” centrou a sua intervenção nos números de vítimas de violência doméstica. Depois de 9 mulheres já terem sido vítimas de homicídio no âmbito da violência doméstica durante o mês de janeiro, o parlamentar enfatizou que “o que está a acontecer não pode continuar a acontecer. Como dizia ontem o diretor do jornal Público, «os bárbaros existem entre nós». Para lá do que foi feito nesta casa, onde há um amplo consenso nestas matérias, há que fazer mais e é necessário fazer mais. Temos de mobilizar e pôr em articulação as forças de segurança, o Ministério Público, os tribunais, as estruturas ligadas à proteção das crianças. Temos de criar alertas eficazes”. A António Costa o social-democrata questionou o que é que o governo pretende fazer. A situação da Venezuela foi outro dos temas levado a debate por Fernando Negrão. Recordando que a Venezuela vive hoje circunstâncias muito difíceis, na procura de eleições livres e de dignidade para o seu povo, o parlamentar afirmou esperar que este seja um processo pacífico. Contudo, adiantou o deputado, como podem ocorrer dificuldades, Fernando Negrão quis saber se o governo tem planeado algum plano de contingência, de âmbito nacional ou europeu, para ajudar os 400 mil portugueses que vivem na Venezuela. Fernando Negrão confrontou ainda António Costa com o sector da ferrovia. Referiu o social-democrata que as 4 automotoras alugadas a Espanha vão custar 4,6 milhões de euros e a última automotora só chegará a Portugal em 2022. “São todas da mesma série da que perdeu um motor na Linha do Minho. A justificação para a automotora ter perdido o motor em andamento: «fadiga do material». E é de facto fadiga: foram construídas entre 81 e 84, e já fizeram milhões de quilómetros em Espanha, tendo sido envidas já em final de vida útil para Portugal. Desta forma, o governo garante a segurança dos utentes da ferrovia?” Tendo em conta a resposta do Primeiro-Ministro, Negrão lembrou a António Costa que é “Primeiro-Ministro há 3 anos” e que “tinha obrigação de ter este problema já resolvido e de não se desculpar com os governos anteriores”. Após referência de António Costa à “herança”, o líder parlamentar do PSD lamentou que o governante não tenha especificado “a que herança se referia” e ironizou dizendo que tem “a certeza que era da bancarrota em que [o PS] deixou o país.” E voltou a questionar: “depois de ter recuperado o país de estado da bancarrota em que os senhores nos deixaram, não é altura de pedir desculpa pelo estado em que deixaram país?” A concluir este tema, Fernando Negrão lamentou que António Costa não “sinta vergonha de ter feito parte do governo que deixou o país em bancarrota”. A terminar, Fernando Negrão confrontou António Costa sobre as promessas incumpridas de ajuda às vítimas do incêndio de Monchique e questionou se o António Costa pode “garantir, como fez o Ministro das Finanças, que os portugueses não vão meter um tostão na CGD.”
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