No debate do Orçamento do Estado para 2018, Rubina Berardo iniciou a sua intervenção saudando o Bloco de Esquerda pela introdução da noção de “reformas estruturais” no léxico bloquista. Recordando que o BE já anunciou o seu voto favorável ao Orçamento, a deputada recordou que os bloquistas se preparam para viabilizar uma proposta que faz um ataque violento a 114 mil trabalhadores independentes através da eliminação do regime simplificado de IRS. “O Bloco é cúmplice no pecado original deste Orçamento do Estado. A estes trabalhadores independentes o Bloco não só não dá nada, como ainda tira mais”. Acusando o governo de fazer um “espetáculo de magia orçamental”, com a ilusão dos alívios de IRS, a deputada alertou que esses alívios são consumidos na totalidade pelos aumentos de impostos indiretos, património, taxas, que chegam aos 1,1 mil milhões de euros. “Outra ilusão deste Orçamento: em 2017 inscreve-se um compromisso de financiar 50% do novo Hospital da Madeira. Em 2018 nem uma palavra e o Primeiro-Ministro faz backtrack total relativamente ao seu compromisso”. A terminar, Rubina Berardo afirmou que esta solução governativa pode fugir do tradicional modelo português. Contudo, adianta, “ninguém aqui inventou a pólvora. Recuemos a 2001, depois dos ataques terroristas do 11 de setembro que conduziram à intervenção militar no Afeganistão. Na Alemanha governava uma coligação SPD-Verdes. Recorde-se a matriz ideológica dos verdes e como isso chocava de frente com uma participação na intervenção militar no Afeganistão. Para legitimar essa participação militar, a liderança dos Verdes decidiu fazer um Congresso Extraordinário para legitimar o posicionamento. Tem a coragem também o BE de auscultar os seus militantes relativamente a este ziguezague em tantas matérias do Orçamento”, questionou a parlamentar.
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